segunda-feira, 25 de junho de 2012

TEDx Campos - Alimentação do Futuro: um resumo

Qual o futuro da alimentação? Foi para estimular reflexões - e ações - sobre este tema, e não responder à pergunta, que rolou o TEDx Campos neste sábado, dia 23 de junho, em Campos do Jordão. Foram escolhidos 14 palestrantes que puderam contar suas histórias, compartilhar pesquisas e ideias, defender princípios, instigar soluções.
Vale lembrar também que apenas 100 participantes foram escolhidos dentre centenas de inscrições - e devemos nos orgulhar disso. De algum jeito (e descobriremos qual), quem estava lá tem uma responsabilidade de passar para a frente a reflexão sobre o nosso futuro e o futuro da nossa alimentação.
Fiz um resumão de cada palestra. Em breve, os vídeos estarão disponíveis e volto aqui para atualizar.


Alex Atala
O chef foi o primeiro. Como disse Carlos Bertolazzi, chef e apresentador do evento, é quase como começar o show do Pink Floyd com "Another Brick in the Wall". Atala é, atualmente, must have em entrevistas, matérias, vídeos, eventos... Honestamente, o achei cansado. Participei de uma aula dele no Millesime, ano passado, e ele contou tão animado a história da "descoberta" da priprioca... Teria sido um caso bacana para um TED. O chef falou da interpretação cultural dos sabores, que é preciso usar os ingredientes por inteiro, até o fim, e que, tão importante quanto preservar "mares, rios e florestas, é preciso conservar gente". A cultura está nas pessoas.


Romeu Mattos Leite
De família de agricultores e criador da Vila Yamaguishi, lembrou a importância da valorização do agricultor. Ninguém nunca para para pensar o que acontece se os pequenos agricultores decidem abandonar a profissão, né? Pois então. Ele defende o orgulho da classe, a valorização, e que chefs e pessoas comuns possam conhecê-los mais de perto. Também lembrou que o uso de agrotóxicos cresceu 93% no mundo e 190% no Brasil - tá péssimo em qualquer lugar, mas aqui tá pior.


Teresa Corção
Proprietária do restaurante O Navegador, no Rio de Janeiro, é fundadora e presidente do Instituto Maniva, que utiliza a gastronomia como instrumento de transformação social. Ela lembrou o trabalho de valorização e disseminação da mandioca, antes "comida de pobre", ingrediente tão importante na culinária e cultura brasileira. "Cozinhar é um ato político".

Ana Branco
Adepta da alimentação viva, há 20 anos ela só consome alimentos naturais crus, frescos e secos (hidratados). Segundo ela, o cozimento mata os ingredientes e se alimentar de produtos recém-colhidos é uma forma de se atualizar com as últimas informações que o Sol enviou para a Terra. No fim, Ana fez no palco um suco verde.

Bruno Cabral
Chef de cozinha e "traficante de queijos artesanais", em suas próprias palavras, é também criador do site Mestre Queijeiro. Seu trabalho é pesquisar, ensinar e difundir conhecimento sobre os queijos brasileiros - e quem sabe conseguir mudar a lei que proíbe o consumo de queijo mineiro de leite cru fora de Minas Gerais. "O estômago do mineiro é diferente do estômago do paulista, do carioca, do baiano?". Fica a questão.

Julice Vaz
A Julice arrasa! Nos pães e no palco. A "padeira" relembrou a história de sua profissão e falou sobre o artesanal x industrial. "O futuro será artesanal-industrial", diz a chef que faz seus pães com fermento natural de 90 anos, mas conta com a tecnologia de fornos com temperatura e vapor controlados. Mas a grande mensagem deixada foi: "Vale a pena viver freneticamente sete dias por semana?" Julice não abre aos domingos - e sabe que deixa de ganhar mais dinheiro por isso, mas está bem com a decisão.

Sandro Dias
Historiador, filósofo, professor de história da gastronomia e tópicos contemporâneos do 
Senac (Águas de São Pedro), falou sobre como o "comer bem" mudou ao longo do tempo e os alimentos foram ganhando importância social. Voltar ao passado é sempre importante para entender e imaginar o futuro. "Saber agricultura é ter liberdade".


Cecília Sanada
Engraçadíssima, a palestrante entrou no palco com Cazé, sua muda de café. Gerente de qualidade do Octávio Café, contou sua história - de cabeleireira a barista. "Café é o prazer do momento". "O barista não precisa ser rápido, ele precisa extrair o melhor do café para você".

Paulo Roberto Al-Assal
Fundador da agência de tendências Voltage e diretor da ONG Fuck Cancer, fez quase um resumo dos outros palestrantes: somos 7 bilhões de pessoas de planeta, os casos de câncer e obesidade só crescem, não temos tempo para nada. O excesso (de informações, conexões, necessidades e urgências) nos faz buscar a praticidade - um pouco de conforto em meio ao caos. Daí (quem nunca?) chegar em casa e comer um congelado é mais que normal. Mas não deveria ser. O futuro? "Orgânico e ético". Cozinhar em casa, também. E (amei): revolução rurbana. Queremos a calma, a tranquilidade e a proximidade com as pessoas do campo, mas dentro das grandes cidades.

Mônica Rangel
A chef não se conformou com a história das estrelas nos hotéis brasileiros. Para se chegar a 5, é preciso ter um restaurante de cozinha internacional. Internacional? Foi para mudar isso que ela criou o Movimento Brasil à Mesa e está, com outros chefs, trabalhando ao lado da Embratur e do Ministério do Turismo para valorizar, resgatar e difundir a gastronomia brasileira.

Deborah Kesten
A nutricionista e pesquisadora começou com as informações que cansamos de saber: a obesidade só cresce, no mundo e no Brasil. Lembrou as razões do "comer demais" (overeat): comemos no trânsito, na frente do computador/tv, sozinhos, com pressa. E, de acordo com uma pesquisa, deu soluções: respeitar o ritual do preparo e do consumo, comer (bem) acompanhado, com calma e prazer. Comida é amor, concluímos.

Frans Kampers
O doutor em Física e diretor da BioNT (Centro de Biotecnologia para alimentos e inovação em saúde) foi um tanto na contramão dos outros palestrantes. Se o coro era por tempo, alimentação mais natural e saudável, retorno à terra, ele defendeu que comemos o suficiente - mas muito pouco nutriente. Seria a solução, então, incluir, através da nanotecnologia, nutrientes em alimentos "vazios" e seguir com o fast food? Ou seria a tecnologia uma aliada no combate à fome?

Biel Baum
Aos 5 anos de idade, ele fez a mãe prometer que não comeriam mais carne. Hoje, aos 10, ele comanda o programa Arte na Cozinha (Chef TV) e ensina receitas saudáveis a crianças. O menino contou a história de quando foi levar seu diário gastronômico para o chef Jamie Oliver, na Inglaterra, e também explicou as razões de sua opção por não comer carne. O discurso podia ter sido menos ensaiado - ele ficou todo atrapalhado com microfone, apresentação de ppt e ainda sua 'cola'.

Tsuyoshi Murakami
Não faltou humor na palestra do mestre, chef do premiado Kinoshita, que falou sobre simplicidade. "O futuro é tirar o excesso, ser cada vez mais orgânico e natural", disse. Mura, que anda interessado em assistir cirurgias (em humanos!), falou sobre o estômago: "Tão pequeno, branquinho, parece um ursinho de pelúcia molhado... e a gente coloca tanta merda nele!". E finalizou: "galera, vamos respirar, comer devagar e sentir".

3 comentários:

  1. Adorei teu resumo. Agora posso mandar pro amigos que me perguntam o que vi por lá...

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  2. Oi, Gabriela! Que bom! Obrigada pela visita e comentário. Beijos,

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  3. Também gostei. Auxilia a memória na recuperação das idéias que foram expostas. Parabéns.

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