segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Feliz Natal!

O sumiço aqui no Menu é por um motivo nobre: foi um ano corrido, cheio de emoções e a chegada do meu baby Artur. 2016 há de trazer mais intervalos para escrever aqui, que gosto tanto.

Boas festas, que o Natal seja cheio de amor!

Árvore de chocolate - Chocolat du Jour

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Receita nova é aquela que você nunca provou

Tenho lembranças muito antigas do ato de cozinhar e/ou acompanhar minha mãe, minha avó, no preparo de alimentos e refeições. Lembro do sabor da maçã raspadinha do lanche da tarde, do perfume de bolinhos de chuva, de abrir a massa dos biscoitos nas férias.

Cozinhar para mim sempre foi muito mais que o ato de preparar algo para comer. O ato em si é tão cheio de significados. E, óbvio, eu adoro comer. Provar. Testar.

Aos poucos, me percebi cada vez mais ligada à cozinha. Com sete anos, escolhi o livro de receitas da Magali na banca de jornal e cozinhei várias - quando não, ficava 'planejando' eventos, pensando em cardápios para quando viesse uma amiga, quando fizesse um picnic, quando fosse aniversário da boneca. Muitas receitas jamais saíram daquelas páginas, mas o livro segue na minha prateleira de receitas até hoje.

Mais velha, morando sozinha, cozinhar era mais que prazer, era também necessidade. E isso só fez aumentar o prazer - ao contrário do que muitos dizem, cozinhar por "obrigação" me inspirava a buscar alternativas e novidades quase que diariamente. O menu da casa dos meus pais não era mais o meu menu; eu comecei a ter os clássicos da casa da Carol e isso já me alimentava de um jeito tão profundo! O bolo de chocolate da Carol, a torta de cebola da Carol, as panquecas, o risoto, o mousse...

Cozinhar me ensinou muitas coisas além dos sabores e temperos. E hoje, lendo o texto A cozinha como treino pra vida, publicado no Papo de Homem, me dei conta de como evoluí como pessoa e profissional cozinhando, como cozinhar influi diretamente nos outros todos aspectos da minha vida.

Ansiosa que sou, cozinhar me ajuda a desacelerar. A parar. E aí cortar, lavar, picar, separar, pesar, escolher, medir, refogar, assar, virar, fatiar, esperar. Cozinhar é uma ação, não um fim. E que demanda espera. Paciência. Coisa que só não me falta quando estou à frente do combo bancada-pia-forno&fogão.

Quando me sinto irritada, sem foco, cansada, a saída é bater um bolo. Alguns saem pra correr, outros para beber, outros vão dormir, eu tenho vontade de assar um bolo bem perfumado. Me renova.

Mas também percebi que meu estado de espírito reflete diretamente no resultado do que sai das panelas e formas. E aí, mais um aprendizado: me frustro (também e até) fazendo o que mais gosto da vida. E quando isso acontece, é porque 'bater um bolo' não resolve, é preciso ir mais além e olhar mais fundo.

Grávida, me percebi distraída, porém calma. Isso atrapalhou algumas receitas mas, pela calma, eu notava e corrigia. Antes de por a massa na assadeira, checava os ingredientes e mais de uma vez só não esqueci o fermento por ter feito o checklist. Mas quando a gravidez avançou e me percebi com medo, tensa, irritada e ansiosa, preocupada demais com o futuro, com a pergunta "como será?" martelando sem parar, cheia de questões e dúvidas, correr fugida para a cozinha não resolveu... Esqueci de temperar a carne e o polpetone ficou sem sabor. Coloquei só metade da quantidade de farinha e o muffin não só vazou como ficou com cara de pudim e sem maciez. Cortei um dedo, esqueci o shoyu, derramei calda, pulei etapas. E isso me fez sair da cozinha tão frustrada!

Como no texto do Alberto, eu aprendi a me planejar e a esperar. Mas aprendi também a maior das lições da cozinha: quando se testa uma receita nova, não se sabe o que vai encontrar. Um mistério. Resta seguir os passos propostos, esperar o tempo e então provar. Talvez tentar de novo, adaptando isso ou aquilo. Quando dá certo, entra no caderno - se não der, outras tantas estão aí. Outros jeitos, outros molhos e caldas, outros temperos.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Acessórios UAU para batedeira KitchenAid

Eu sou muito fã da KitchenAid e sempre desejei ter uma - até que viajei para Nova York para estudar e consegui comprar a minha, meu xodó. Agora a marca surpreende de novo e apresenta esses incríveis novos acessórios para massa:

Para massa de lasanha, com oito espessuras - R$529*

Ravioli maker - você põe massa dos dois lados, o recheio em cima e a massa sai pronta, selada. R$1099*
Como tudo aqui no Brasa, dureza são os preços! Mas vai que você tem viagem marcada? E também, sonhar não custa...

*Preços sugeridos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Água x alimento

Já parou para pensar que para cada alimento ser produzido é necessário água?



Enquanto isso...


Eu não sou vegetariana. Mas vale a reflexão. Ninguém precisa comer carne TODO dia. Faça escolhas conscientes, faça trocas bem pensadas. A campanha #meatfreemonday ou #segundasemcarne propõe isso: tente ser vegetariano 1 vez na semana. Conheça: www.segundasemcarne.com.br.

Fonte: Update or die.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Os Minions vão dominar o mundo

Semana passada entrou em cartaz o filme "Minions". As simpáticas criaturas amarelas, ajudantes do Gru no filme Meu Malvado Favorito, tornam-se protagonistas nesse longa. To super curiosa para assistir, claro. E o McDonald aproveitou a onda e lançou batatas tipo "smiles" no formato dos amarelinhos...

Mas o que chamou ainda mais minha atenção foi um anúncio do cinema Kinoplex de um combo: pipoca, refri + gelatina Fini 90g. Quando vi a foto... Fini Minions? Bala de gelatina? Jelly "bears" de Minions?

É. É isso mesmo! A assessoria da marca confirmou que as balinhas estão disponíveis nos kits dos cinemas (parece que no Cinemark também tem) e que a novidade é parte dos lançamentos 2015: já estão nas lojas Americanas e chegarão aos supermercados em breve. Pelas imagens, tem embalagem 90g e também de 500g.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Café da manhã especial

Até o dia 16 de agosto rola em São Paulo e no Rio de Janeiro o Morning Experience by Nespresso - no link você confere os lugares e as fotos dos 'combos', que levam sempre uma bebida feita com café Nespresso, e custam R$ 30 cada.


Beira Mar - RJ

Le Vin - SP

Marie Madeleine - SP

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Cook for the future: cinema, jantar e ação social

A Gastromotiva e a KitchenAid uniram-se novamente e promovem neste mês de Maio, em São Paulo, a segunda edição do projeto "Cook for the future".

Entre os dias 25 e 31 de maio acontece um foof film festival, no Cinépolis do Shopping JK Iguatemi. As sessões de cinema levarão às telonas Ratatouille, Julie&Julia, Estômago, Chef, Soul Kitchen, entre outros.


Os ingressos, que contemplam além do filme uma refeição, custam entre R$65, com "lunchbox", e R$184, com menu completo. Entre os restaurantes participantes estão Ici Brasserie, Brasil a Gosto, Mocotó e Torero Valese. Confira a programação completa no site do evento.

O valor arrecadado será repassado à Gastromotiva para a formação de novas turmas do curso de Capacitação em Cozinha e Salão.

Compre ingressos pelo site: https://foodpass.com.br.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

terapia

O problema era claro. Não se sentia feliz. "Será depressão, doutor?" Ele garantia que não. Mas o que então que a deixava sem forças, sem energia, sem vontade de levantar? Aonde teria perdido o tesão de cozinhar, o desejo de fazer compras no mercado toda semana? Onde estaria a energia que tinha antes? "Abstinência", o médico cravou. "Você está comendo mal."



Mas não estava. Tinha certeza que não. Descreveu com detalhes as refeições dos últimos dois ou três anos. Salada todo dia, muitos grãos, soja, grão de bico, feijão. Arroz, só do integral. Queijos brancos, tofu, pouco óleo, fritura nunca, quando muito um azeite. Não colocava sal extra em nada, evitava os doces, não tomava mais tanto café - um expresso por dia era só! - e cuidava para fazer as melhores opções. Carne vermelha uma vez na semana, sempre que possível peixe, massas integrais, legumes frescos e cozidos. Pequenas porções, lanchinhos saudáveis de 3h em 3h, até iogurte, que odiava, estava no cardápio diário.

Escolhia a dedo os melhores restaurantes por kilo do bairro, onde pudesse achar grande variedade de verdes e uma proteína magra. Sem gastar muito, claro, comer saudável era um assalto, ainda mais nesse bairro recheado de escritórios. Falando em recheado, não comia Bono há seculos, havia trocado por cookies integrais com fibras. E água de coco! Muita!

"Taí. Seu tratamento vai ser mais simples do que parece." Ela não acreditava. Finalmente, graças a deus, amém tinha encontrado alguém que a entendia. Mas em vez de uma receita médica com dois ou três nomes para serem comprados na farmácia mais próxima, o médico sacou da gaveta um Guia Michelin.

Sabia que parte do tratamento ela já devia ter em casa: livros e livros de gastronomia e receitas. Faltava então dar um caminho, talvez ela não se lembrasse mais como fazer roteiros. "Saia para comer. Em bons lugares, ressaltou. Se não for assim, não vai funcionar. Esqueça o kilo e o PF vagabundo. Vá comer batatas fritas, o melhor hambúrguer da cidade, o croque monsieur do Ici, o picadinho do bar. Faça um concurso pessoal do melhor sorvete de doce de leite. Vá aos restaurantes que servem comida estrangeira e mate a saudade das melhores viagens que já fez. Esse fim de semana você tem que começar indo ao Mercadão e escolhendo algo bem incrível para cozinhar. Faça isso todos os fins de semana. E o mais importante: coma, todos os dias, algo que a faça feliz. Pode escolher."

Profiteroles. A cura estava perto.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

risoto de cebola caramelizada com cerveja

Risoto de cebola caramelizada com cerveja


Eu adoro fazer pratos com a cebola como protagonista. Adoro a torta de cebola que é um clássico lá de casa, aquela cebola cozidinha para comer com pão ou com a salada, e há tempos queria achar uma receita de risoto. Fiz uma pesquisa, lembrei de um prato que comi há anos no Miya e deu nesse prato aí. Super aromático e saboroso.

Usei:
3 cebolas médias
3 dentes de alho
Azeite
Cerveja Colorado Appia
Shoyu
Alecrim
Pimenta do reino e sal

Cortei as cebolas em rodelas, coloquei na panela com bastante azeite e os dentes de alho picadinhos. Deixei até cozinhar bem, incluí o shoyu e a pimenta do reino, depois o alecrim. Quando estavam bem douradas, coloquei a cerveja - o suficiente para cobrir o fundo da panela, sem afogar as cebolas. Mexi bem até o álcool evaporar.
Daí, reservei um pouco da cebola para servir sobre o prato.
Adicionei o arroz arbóreo e fui cozinhando normalmente, acertando o sal e colocando a água, já quente. Para finalizar, uma colher de manteiga sem sal e tipo meia xícara de queijo ralado.
Coloquei no prato fundo - amo risoto no prato fundo - e finalizei com as cebolas douradas. Delícia!

UPDATE: minha amiga Luciana ficou na dúvida da quantidade de arroz, que é uma questão comum quando se fala de risoto. Ela fez 500g e comeu essa receita até rs! Então, é o seguinte: 1/2 xícara para cada duas pessoas. Se for servir quatro pessoas, 1 xícara. Quando é o prato único da noite (se não for fazer uma carne para acompanhar, por exemplo), eu faço 2/3 de xícara para o marido e eu.

terça-feira, 31 de março de 2015

Menu da semana - ideias para se organizar melhor

Eu fiz poucas promessas pra 2015. Entre elas, está a que considero uma das mais significativas - organizar a vida, principalmente da minha cozinha. E acho tão importante porque tendo essa parte que me importa, e muito, funcionando bem, terei tempo pros outros planos... cozinhar receitas novas, estudar mais, descansar mais etc.

Pois bem. Aproveitei janeiro pra fazer aquela compra de mercado, bem caprichada, e pensar em coisas gostosas e práticas, especialmente para o jantar.

Eu almoço fora todos os dias, viajo bastante aos fins de semana, a trabalho. Então meu marido e eu fazemos questão de um jantarzinho mais especial.

Pra começar, comprei massa de lasanha e montei duas, que congelei. Não tem coisa melhor do que chegar mega cansada em casa e encontrar um prato pronto, feito por você, esperando só entrar no forno \o/

Faço molho assim: compro extrato de tomate (geralmente La Pastina) ou uso tomates pelados. Gosto do sabor do tomate, então manero nos temperos. Sal, pimenta do reino, uma folhinha de louro enquanto dá uma fervida, se estiver meio sem graça uma pitada de orégano - tem que usar com cuidado senão mata os outros aromas. Intercalo camadas de massa (semi-pronta, da Petybon) com queijo, peito de peru e molho. Meu marido ama bolonhesa, então vez ou outra eu refogo uns 150g de patinho moído e faço um molho.

Além de lasanha, deixei pronto um kibe assado - achei várias receitas de kibe recheado (com castanhas, nozes, queijo...), mas queria o da minha mãe, mais básico impossível. Hidratei 1 xíc. de trigo, torci num pano de prato limpo pra tirar o excesso da água e misturei com cerca de 200g de patinho moído, refogado e cozido com cebola, alho e temperos. Coloquei numa forma pequena (de uns 15x20cm), reguei com um pouco de azeite e assei uns 15 min. Congelei.

Quando ele for eleito pra ser o seu jantar, lembre-se de tirar do freezer de manhã. De noite, bastarão uns 15 minutos no forno - e um acompanhamento, tipo um arroz branco, uma saladinha... Eu adoro com arroz e feijão, bem caseirão mesmo!

Outras ideias...
Sempre tenho e/ou tento lembrar de ter, porque salva a vida:

Atum ao natural (em água), sólido ou em pedaços
Brócolis congelado
Espinafre congelado
Massa grano duro - espaguete, penne...
Tomate pelado
Parmesão
Arroz para risoto

Uma massa com brócolis cozidos no vapor e uma lata de atum dá um baita jantar nutritivo e rápido, melhor ainda se a massa for integral. O arroz de risoto é um coringa que pode ser um principal - um risoto de camarão, de salmão, de alho-poró - ou um acompanhamento pra carne, frango, peixe. E vira até sobremesa: arroz doce.

O espinafre vira torta, suflê, creme. Um filé grelhado e um creme de espinafre e o jantar está na mesa.

Também é bom comprar frios, pães e frutas toda semana. Frios recheiam a lasanha, fazem um croque monsieur, ou um mixto clássico. Pão é pão. E as frutas, bom, não tem nada mais versátil. Pêra in natura, pêra cozida num tico de vinho vira sobremesa chic, banana no forno com canela etc. Morangos meio capengas viram compota ou geleia. Maçã, tarte tatin.

É aí, como você organiza seu menu?

segunda-feira, 30 de março de 2015

Merendas pelo mundo

Um ensaio fotográfico mostra como são as merendas pelo mundo. Veja, as merendas não são exatamente assim: eles foram em busca das referências e montaram os exemplos no mesmo prato. Super interessante!










Fonte: http://sweetgreen.tumblr.com/post/103458679563/school-lunches-around-the-world

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O cannoli do Juventus

Apesar de gigantesca, São Paulo reserva umas surpresas bairristas quase interioranas. Assim é o clube de futebol Juventus, da Mooca. Fomos conhecer o estádio e assistir a um jogo da 3ª divisão do Paulista e foi super divertido.



Mas, epa, isso aqui não é um blog de comida?!

Pois é. Perto do intervalo vimos um homem passando com duas caixas enormes... e começou um burburinho... até que ouvimos a palavra mágica cannoliNo intervalo, fomos averiguar. Olha o tamanho da fila!



Estava sol, mas ficamos lá. Devia ter um motivo pra tamanha audiência. Depois de uns 25 minutos achamos melhor voltar pra arquibancada pra não perder o jogo rs, e meu marido foi, aos 30' do segundo tempo, buscar os doces.

Tem de creme e de chocolate, por R$3 cada. Cada cannoli tem uns 10cm de largura por 4cm de espessura e é muiiito recheado. A massa, frita, estava sequinha e crocante. Os recheios são cremosos e não muito doces, então é possível comer um inteiro sem enjoar. O moço disse que leva, por jogo, 500 unidades. Só nossa família consumiu 6 rs!



Não é assim um doce "gourmet", mas se estiver a fim de um passeio pra voltar no tempo... Rua Javari, 117, Mooca. Um passeio divertido e com cannoli de bônus.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Bolo gelado de coco - receita

Daí que a gente fez um churrasco pra poucos amigos para celebrar o novo apê e me bateu aquela vontade de fazer um bolo. Já tinha feito uns musses de maracujá e o objetivo era simplificar, mas sabe como é. Desculpa pra usar a KitchenAid é o que não falta aqui em casa kkk!

A foto é da assadeira mesmo pq não deu tempo sequer de pensar em embrulhar os pedaços!

Bolo gelado de coco - receita da La vie en douce


5 ovos, com claras e gemas separadas
2 xíc. de açúcar
200 ml de leite (de vaca)
1 1/2 xíc. de farinha de trigo, peneirada
1 col. sobremesa de fermento em pó

Unte uma forma de uns 20x30cm com manteiga e farinha e pré-aqueça o forno a 180ºC.

Bata as claras até ponto de neve (fofas e que parte fique presa no batedor, não mais que isso). Inclua as gemas, uma a uma. Coloque o açúcar e continue batendo enquanto coloca a farinha alternando com o leite. Quando estiver na última porção de farinha, coloque também o fermento.


Despeje a massa na assadeira e leve ao forno - no meu levou uns 50min.

Enquanto assa, misture 1 lata de leite condensado com 1 vidro de leite de coco (200ml) e mais 400ml de leite. Não precisa aquecer. Já deixe separado o coco ralado - eu uso fresco, mas pode ser seco (daí fique de olho pra comprar um que tem menos açúcar... mais gostoso!).

Tire o bolo do forno e enquanto ainda estiver morno faça furos com um garfo. Despeje a calda. Se você for cortar e embalar no alumínio um por um, leve à geladeira. Depois você vai cortar, passar no coco e embalar. Se for servir no pratinho, polvilhe bastante coco ralado por cima e tá pronto! Hummm...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Saúde, alimentação, hábitos, futuro. Tá tudo junto e misturado

Rewind the future. Os maus hábitos começam quando? Por que se preocupar com a alimentação dos pequenos desde sempre? Como você quer que seu futuro e dos seus filhos seja?



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sobre cozinhar, sobre cozinhas

Um texto do Rubem Alves tão lindo que não tinha outra escolha a não ser guardá-lo e compartilhá-lo aqui no blog.


É o fim do sumiço. Feliz ano novo!


Aprendendo das cozinheiras - Rubem Alves

A se acreditar em entendidos em coisas de outros mundos, já devo ter sido cozinheiro em alguma vida passada. É que tenho um fascínio enorme pelas panelas, pelo fogo, pelos temperos e por toda a bruxaria que acontece nas cozinhas, para a produção das coisas que são boas para o corpo. Não é só uma questão de sobrevivência. Os cozinheiros dos meus sonhos não se parecem com especialistas em dietética.

Interessa-me mais o prazer que aparece no rosto curioso e sorridente de alguém que tira a tampa da panela, para ver o que está lá dentro. Minhas cozinhas, em minhas fantasias, nada têm a ver com estas de hoje, modernas, madeiras sem a memória dos cortes passados e das coisas que se derramaram, tudo movido a botão, forno de micro-ondas, adeus aos jogos eróticos preliminares de espiar, cheirar, beliscar, provar, perfurar... Tudo rápido, tudo prático, tudo funcional. Imaginei que quem assim trata a cozinha, no amor deve ser semelhante aos galos e galinhas, quanto mais depressa melhor, há coisas mais importantes a se fazer. Como aquele vendedor de pílulas contra a sede, da estória do "Pequeno Príncipe". Ir até o filtro é uma perda de tempo. Com a pílula elimina-se a perda inútil. “E que é que eu faço com o tempo que eu perco?" — perguntou o Principezinho.

"...Você faz o que quiser", respondeu o vendedor." — Que bom! Então, é isto o que vou fazer, ir bem devagarzinho, mãos nos bolsos, até a fonte, beber água..."

Quero voltar à cozinha lenta, erótica, lugar onde a química está mais próxima da vida e do prazer, cozinha velha, quem sabe com alguns picumãs pendurados no teto, testemunhos de que até mesmo as aranhas se sentem bem ali.

Nada melhor que o contraste. A sala de visitas, por exemplo. Lá no interior de Minas, faz tempo. Retrato silencioso oval do avô, na parede; samambaia no cachepô de madeira envernizada; porta-bibelôs; as cadeiras, encostos verticais, 90 graus, para que ninguém se acomodasse; capas brancas engomadas pra que nenhuma cabeça brilhantinosa se encostasse; os donos dizendo em silêncio "está mesmo na hora", enquanto a boca mente dizendo "ainda é cedo", na hora da partida, junto com as recomendações á tia Sinhá (porque toda família tinha de ter uma tia Sinhá). Aí a porta se fechava, e a vida recomeçava, na cozinha...

A porta da rua ficava aberta. Era só ir entrando. Se não encontrasse ninguém não tinha importância, porque em cima do fogão estava a cafeteira de folha, sempre quente, para quem quisesse. Tomava-se o café e ia-se embora, havendo recebido 0 reconforto daquela cozinha vazia e acolhedora. Eu diria que a cozinha é o útero da casa: lugar onde a vida cresce e o prazer acontece, quente... Tudo provoca o corpo e sentidos adormecidos acordam. São os cheiros de fumaça, da gordura queimada, do pão de queijo que cresce no forno, dos temperos que transubstanciam os gostos, profundos dentro do nariz e do cérebro, até o lugar onde mora a alma. Os gostos sem fim, nunca iguais, presentes na ponta da colher para a prova, enquanto 0 ouvido se deixa embalar pelo ruído crespo da fritura e os olhos aprendem a escultura dos gostos e dos odores nas cores que sugerem o prazer...

Cozinha: ali se aprende a vida. É como uma escola em que o corpo, obrigado a comer para sobreviver, acaba por descobrir que o prazer vem de contrabando. A pura utilidade alimentar, coisa boa para a saúde, pela magia da culinária, se torna arte, brinquedo, fruição, alegria. Cozinha, lugar dos risos...

Pensei então se não haveria algo que os professores pudessem aprender com os cozinheiros: que a cozinha fosse a antecâmara da sala de aulas, e que os professores tivessem sido antes, pelo menos nas fantasias e nos desejos, mestres-cucas, especialistas, nas pequenas coisas que fazem o corpo sorrir de antecipação. Isto. Uma Filosofia Culinária da Educação. Imaginei que os professores, acostumados a homens ilustres, sem cheiro de cebola na mão, haveriam de se ofender, pensando que isto não passa de uma gozação minha.

Logo me tranqüilizei, ouvindo a sabedoria de Ludwig Feuerbach, a quem até mesmo Marx prestou atenção: "O homem é aquilo que ele come". Abaixo Descartes. Idéias claras e distintas podem ser boas para o pensamento. Também bombas atômicas e as contas do FMI são boas para serem pensadas. Só que não podem ser amadas, não têm gosto e nem cheiro, e por isto mesmo a boca não as saboreia e não entram em nossa carne.

Imitar os que preparam as coisas boas e ensinam os sabores...

A primeira lição é que não há palavra que possa ensinar o gosto do feijão ou o cheiro do coentro. É preciso provar, cheirar, só um pouquinho, e ficar ali, atento, para que o corpo escute a fala silenciosa do gosto e do cheiro. Explicar o gosto, enunciar o cheiro; pra estas coisas a Ciência de nada vale; é preciso sapiência, ciência saborosa, para se caminhar na cozinha, este lugar de saber-sabor. Cozinheiro: bruxo, sedutor. "— Vamos, prove, veja como está bom..." Palavras que não transmitem saber, mas atentam para um sabor. O que importa está para além da palavra. É indizível. Como ele seria tolo se avaliasse seus alunos por meio de testes de múltipla escolha. É assim com a vida inteira, que não pode ser dita, mas apenas sugerida. Lembro-me do mestre Barthes, a quem amo sem ter conhecido, que compreendia que tudo começa nesta relação amorosa, ligeiramente erótica, entre mestre e aprendiz, e que só aí que se pode saborear, como numa refeição eucarística, os pratos que o mestre preparou com a sua própria carne...

A lição dois é que o prazer do gosto e do cheiro não convivem com a barriga cheia. O prazer cresce em meio às pequenas abstenções, às provas que só tocam a língua... É aí que o corpo vai se descobrindo como entidade maravilhosamente polimórfica na sua infindável capacidade para sentir prazeres não pensados. Já os estômagos estufados põem fim ao prazer, pedem os digestivos, o sono e a obesidade. Cozinheiros de tropa nada sabem sobre o prazer. A comida se produz às dezenas de quilos. Pouco importa que os corpos sorriam. Comida combustível. Que os corpos continuem a marchar. Melhor se fossem pílulas. Abolição da cozinha, abolição do prazer: pura utilidade, zero de fruição.

"— Estava boa a comida?"
"— Ótima. Comi um quilo e duzentas gramas..." 

Equação desejável, pela redução do prazer à quantidade de gramas. Não deixa de ser uma Filosofia... Como aquela que desemboca nos cursinhos vestibulares e já se anuncia desde a primeira série do primeiro grau. Não se trata da erotização do corpo. Para a engorda tais sensibilidades são dispensáveis. Artifício na criação de gansos, para a obtenção de fígados maiores: funis goelas abaixo e por ali a comida sem gosto. Afinal, por que razão o prazer de um ganso seria importante? Seus donos sabem o que é melhor para eles... Vi nossos moços assim, funis goela abaixo, e depois vomitando e pensando o seu vômito. A isto se chama ver quantos pontos se fez no vestibular...

Entendem por que eu queria uma filosofia culinária de educação? É que temos tornado os criadores de ganso como modelos...


Texto extraído do livro “Estórias de quem gosta de ensinar – O fim dos vestibulares”