quarta-feira, 23 de março de 2011

Millesime São Paulo

Alguns amigos costumam me dizer que tenho o melhor emprego do mundo. Como repórter da Wish, realmente tenho oportunidades inacreditáveis. Ontem foi um dia dos memoráveis: fui cobrir o Millesime, evento que acontece há quatro anos em Madri e chegou, enfim, a São Paulo.
Workshop de Alex Atala, que fez pratos que serve no DOM
Participei da parte da manhã do evento (à noite são só jantares): assisti aulas de Helena Rizzo, do Maní, do Alex Atala, nem preciso apresentar, e do José Barattino, do Emiliano. Helena, apesar de problemas técnicos com um cooktop manteve o bom humor e com aquele sotaque gostoso ensinou uma releitura da salada Waldorf.
Atala me surpreendeu: apesar de famoso mundialmente, dono do 18º melhor restaurante do mundo, o cara é total simpatia e sem afetação. Busca os melhores ingredientes, estuda formas de preparo e trabalha muiiito até chegar ao resultado que quer. Determinado demais; foi uma honra conhecê-lo!
A última aula foi ministrada pelo Barattino, do Emiliano, provavelmente o chef mais sustentável do Brasil. Se tem um cara que pesquisa ingredientes, vai atrás de fornecedores cada vez melhores, valoriza muito o orgânico, é ele. Fez - e nos serviu - um nhoque de milho simples e sensacional. To louca pra provar outros pratos dele.
José Barattino, chef do Emiliano
Encontrei também com o Rodrigo Oliveira, do Mocotó (escrevi sobre aqui e tem um perfil do chef aqui), sempre gentil e querido; conheci Raphael Despirite, do Marcel, e Bel Coelho, do Dui. Os três dividem um estande chamado "Jovens Mestres" e mostram aos visitantes e chefs espanhóis o trabalho de uma nova e promissora geração da gastronomia brasileira.
Pude provar, da Bel, sagu de vinho do Porto com espuma de brandade de bacalhau, quadradinho de mandioquinha com maracujá com farofa de aviú (camarão do norte), e risoto de paio com fava e couve crocante, de um sotaque português maravilhoso.

O Raphael estava servindo mini lula salteada com nirá e molho ponzo, um creme de mussarela de búfala com compota de cupuaçu e farofa (uma combinação especial), e língua de boi defumada com pipoca de alcaparra. Fiquei com certo preconceito, mas lembrei do Homem que Comeu de Tudo e mandei bala: a língua é ótima, leve, uma textura maravilhosa, super saborosa.
Rodrigo Oliveira, do Mocotó, sempre gentil e querido
O Rodrigo fez quadradinho de tapioca com quejo coalho e molho de pimenta, delícia que ele serve no restaurante, e um purêzinho de batata com tutano, servido com pedacinhos de carne de sol e bolinhas crocantes de tapioca.

Voltei para a redação com a alma satisfeita: a comida, sim, é mais que maravilhosa, é um espetáculo de cores, sabores, aromas, texturas. Mas poder encontrar, ouvir e aprender com essas pessoas tão dedicadas, que amam sua profissão, é revigorante. E alimenta.

www.millesimesaopaulo.com
obs. Fotos divulgação/Waldemir Filetti

Um comentário: